Atsuko, Michiko e Hatchin — parte 3
A VOLTA DO FANTASMA VERMELHO DE VERMELHA?
O bando está se preparando para sair do banco, todavia a agência se encontra toda cercada pela polícia. A situação é tensa, no entanto os bandidos não esboçam nenhum sinal de nervosismo ao contrário dos reféns. Eles notam uma movimentação estranha orquestrada pelos seus sequestradores. Uma das reféns mostra-se tão tensa que parece estar à beira de um ataque de nervos, é quando o líder do grupo, um sujeito calmo se aproxima calmamente até ela.
Líder dos bandidos
Senhorita por favor, olhe bem pra mim e me ouça, com atenção, fique calma que nada ira lhe acontecer, não te faremos mal algum.
E ela, responde chorando.
Refém
Sério?
Líder
Tem a minha palavra!
Refém
E, posso confiar nela?
Líder
Você realmente tem escolha?
Refém
Não…
Líder
Então?
A refém ao ouvir essa interrogação de seu sequestrador, vagarosamente baixa a cabeça.
Refém
Tá.
Líder
Excelente.
Em seguida ele caminha em direção aos seus subordinados.
Líder
Muito bem pessoal, alguns de vocês devem levar, os reféns para o teto e os outros vão para trás, enquanto os demais irão comigo para baixo.
Um dos reféns, o que aparenta ser o mais velho, exclama.
Refém (velho)
Mas como? Não existe saída no subsolo!
Líder
Surpresa, criamos uma…. Não é legal, senhor?
Depois de falar isso, o líder desce pela passagem a qual tinha acabado de se referir há pouco. Logo é chamado a atenção por um de seus subordinados.
Subordinado
Foguinho, o que vamos fazer agora?
Foguinho
Bem, primeiro você deve ir para o teto e pegue um dos reféns com você!
Subordinado
Tá certo, mas qual?
Foguinho
De preferência deve ser uma mulher ou garota, está bem?
Subordinado
Mas porquê?
Foguinho
Bem, se por acaso houver um canal de televisão transmitindo a nossa ação, o uso de uma refém sensibilizara à opinião pública o que diminuíra o ímpeto dos porcos, entendeu?
Subordinado
Ah sim, valeu.
O subordinado rapidamente volta com a refém escolhida, e para a surpresa de foguinho, trata-se da mulher da mulher do caixa.
Foguinho
Ora, ora, dona Aurora, nos encontramos novamente, não?
Refém
É…
Foguinho
Qual é o seu nome mesmo?
Refém
Helena…
Foguinho
De quê mesmo?
Helena
Crespo, Helena Crespo…
Foguinho
Pois, bem Srta. Helena Crespo, se você se comportar não vai acontecer nada com você!
Helena
Mesmo?
Foguinho
Tem à minha palavra.
Helena
Huhum…
De repente à polícia anuncia em altos falantes.
Polícia
Entreguem-se de uma vez, a agencia está cercada ao ouvir isso, foguinho esboça um leve sorriso de lado (esquerdo), e ele saca de seu pulôver, um rádio comunicador.
Foguinho
Atenção pessoal, prestem muita atenção!
Um deles responde.
Outro subordinado
Sim Foguinho, o que você manda?
Foguinho
Vocês aí atrás, avancem atirando para a frente aonde a polícia está, vocês conseguem?
Subordinado
Não sei, não chefe…
Outros subordinados
Não fazemos a mínima idéia, chefia.
Foguinho
Bem façam isso, quando eu mandar, entenderam?
Todos os subordinados em uníssono
Sim!
Foguinho
Então estejam à postos. Senhorita Helena?
Helena
Sim?
Foguinho
Agora venha, para cá!
Helena
Tá bem.
Helena vai em direção a ele, Foguinho então a pega, pelo braço. Enquanto isso Atsuko chega ao local, e pergunta para a autoridade responsável por essa operação, sobre como está indo o seu andamento.
Autoridade responsável
Bem inspetora à operação por enquanto, se encontra sob controle sem sobressaltos.
E eis que neste exato momento acontece um rajar de disparos de metralhadora, ordenado por Foguinho. Os disparos conseguiram o efeito desejado pelo chefe dos meliantes, ou seja, assustaram a polícia, fazendo a recuar, contudo sem ferir inocentes. Atsuko que havia se abaixado e se escondido atrás de uma das viaturas da polícia, se ergue e olha para a autoridade responsável e então.
Atsuko
Sem sobressaltos, ele disse… sei.
Subordinado
Foguinho, aqui é o Rodrigo.
Foguinho
Sim? Como está?
Rodrigo
Tudo nos conformes.
Foguinho
Muito obrigado.
Logo em seguida ao ouvir isso, ele se vira para Helena, e para outros 3 comparsas seus.
Foguinho
Sheng, Hirano e José, prestem bem a atenção, entenderam?
Os 3 comparsas em uníssono.
Sim, chefe.
Atsuko pede um alto-falante, e começa a falar.
Atsuko
Meliantes, prestem muito bem a atenção, aqui quem fala é a inspetora Atsuko Jackson, não vou repetir, entreguem os reféns e entreguem-se de uma vez.
Depois de ficarem quase meia-hora abraçadas, uma na outra, mãe e filha voltam enfim a conversar.
Michiko
Obrigada Hatchin, obrigada minha filha…
Hatchin
Por quê?
Michiko
Por me fazer desabafar sobre algo difícil, e que muito me aflige…
Hatchin
Mãe…
Michiko
No entanto, apesar disso devemos seguir em frente ou tentar…. Pelo menos…
Hatchin
É… Apostando na sorte…
Michiko
E torcendo, para que ela sorria para nós.
Hatchin
Como tem acontecido até agora.
Michiko
Aos trancos e barrancos.
Hatchin
Ah, mas é isso que torna a vida tão divertida, não é mesmo? He,he,he…
Michiko
Pode ser, mas essa diversão, não vale o risco!
Hatchin
Será mesmo? Se estamos agora juntas uma vez mais, é porque corremos muitos riscos, todavia conseguimos.
Michiko
É… Mas isto poderia não ter acontecido… Aliás, por mais que eu tenha prometido que iriamos nos reencontrar… que a nossa despedida não era um adeus, mas um até breve. Havia a possibilidade real, você sabe Hatchin, de nós nunca mais, chegarmos a nos ver, outra vez…
Hatchin
Vira essa boca, pra lá!
Michiko
Você sabe que sim, e entenda às vezes é melhor nos darmos por satisfeitas com o que temos.
Hatchin
Hum… Que seja…
Júlio acorda e abre o berreiro, fazendo Hatchin correr para pegá-lo no colo para assim acalmá-lo. Michiko ao ver a filha com o neto no colo, não pode deixar de exibir, um belo sorriso.
Michiko
Hatchin, me diga?
Hatchin
Sobre?
Michiko
Afinal, como você descobriu que em todo esse tempo, eu era a sua mãe de verdade?
Hatchin
Bem pra dizer a verdade, no meio desses 7 anos, tive bastante tempo, para repensar sobre aquela época em que estivemos juntas… E percebe, mesmo você não querendo admitir nada sobre isso… porque haviam certas pistas inconscientemente deixadas por te!
Michiko
Mesmo? E quais seriam estas pistas?
Hatchin
He, he, he, he, bem, he, he…
Michiko
Hã, está rindo do quê?
Hatchin
De uma doce lembrança, mãe…
Michiko
Doce lembrança?
Hatchin
Sim
Michiko
E que lembrança seria está?
Hatchin
Bem logo depois que você me resgatou, da casa dos Belenbauzas, nós paramos em um barzinho em ladrão, lembra?
Michiko
Hum…. Naquela feira?
Hatchin
Isso mesmo! Você lembra de dizer pra mim, que apesar de eu me parecer muito com o Hiroshi, meu nariz e queixo, não eram como os dele…
Michiko
É…
Hatchin
He, he, he, he, e você ainda me disse que se eu não fosse mesmo a filha dele… Ou melhor, a filha de vocês… você me abandonaria, ha, ha, ha…
De repente Michiko parece murchar em desanimo, seu sorriso desaparece. Ela silencia, olha de soslaio e ao erguer a cara em direção a sua menina.
Michiko
Que espécie de pessoa, ou melhor de mãe diz algo assim, para uma criança?
Está resposta choca Hatchin, de tal maneira que ela fica sem fala!
Hatchin Malandro — pensamentos
Meu deus, como ela está diferente, por fora não mudou nada, mas por dentro…
Michiko
Então… a minha indiferença e egoísmo foram as pistas para você descobrir à verdade sobre mim?
Hatchin
Não mãe… de modo algum… é que com o passar dos anos, fui me dando olhando no espelho e me dando conta que justamente às partes de mim criticadas por você são por “coincidência” iguais as suas, não é mesmo?
Michiko
Ah, tá… Boa…
Hatchin emudece e baixa levemente a cabeça, como se o desanimo de Michiko também a contagiasse, levando embora qualquer resquício de alegria anteriormente compartilhado pelo recente reencontro de ambas, mãe e filha. Um silêncio constrangedor toma conta do local onde estão, até que Michiko se espreguiçando.
Michiko
Ah, Hatchin, eu tó bem cansada, se quiser comer algo, tem uns biscoitos e o resto de um omelete.
Hatchin
Ah, obrigada, mas também tó sem apetite…
Mãe e filha, voltam a se encarar de modo bem cabisbaixo.
Michiko
Bem, vou me deitar, boa noite.
Hatchin
Boa noite, ah tem alguma cama pra mim e pro Júlio?
Michiko
Tem apenas uma, vocês vão ter que dividir…
Michiko falou isso aos sorrisos o que alegra Hatchin, e quebra com o clima triste que havia se instaurado. Hatchin pega o seu filho, já adormecido e o põem na cama, essa cena faz Michiko novamente se alegrar.
Hatchin
Mãe… posso te pedir uma coisa?
Michiko
Hã? Claro…. Quer dizer, sim, filha…
Hatchin
Posso dormir contigo?
Michiko
Comigo? Por quê?
Hatchin
É que gostaria de te abraçar…. Dormir abraçada contigo.
Michiko
Uau!
Hatchin fala muito emocionada, e com lagrimas.
Hatchin
Sabe… depois de todo esse tempo afastada de te… tenho medo… sabe?
Michiko
Medo?
Hatchin
Que tudo isso… que a nossa reunião seja apenas um sonho…. sabe?
Michiko se comove tanto com Hatchin que seus olhos sutilmente lacrimejam.
Hatchin
E se for isso…. Não quero acordar dele… de jeito nenhum!! Ouviu bem!!!
Michiko ao ouvir isso abraça Hatchin, mais uma vez.
Hatchin
Sniff, sniff, sniff… isso não pode ser um sonho…. Não pode ser…. Não pode!
Michiko
Calma meu amor, minha criança, não é um sonho…
Hatchin
É mesmo? Sniff, sniff…
Michiko
É claro que sim…. Eu não tó aqui contigo?
Hatchin
É… Sniff, sniff
Michiko
Hatchin…. Minha pequena Hatchin, não chore mais… venha…
Hatchin
Sério?
Michiko sorri.
Michiko
Huhum…. Pode vir, venha
Hatchin
Mesmo?
Michiko
Sim, vamos dormir juntas… e abraçadas, uma na outra!
Michiko e Hatchin levam a cama em que vão deitar para o mais próximo possível do leito aonde Júlio está dormindo. E depois de arruma-lo, mãe e filha se deitam abraçadas uma na outra, e enfim adormecem felizes.
Foguinho pega o rádio comunicador.
Foguinho
Décio, você ainda está no telhado?
Décio
Sim, foguinho.
Foguinho
Poderia abrir fogo daí contra a polícia?
Décio
Será um prazer!
Foguinho
Então manda bala de uma vez!
Décio
He, he, he…
Foguinho
Depois venha pra cá, entendeu?
Décio
Pode crer, chefia…
Décio pega uma metralhadora e do telhado atira contra a polícia, pegando a de surpresa, as balas dessa vez acertaram alguns dos policiais. Atsuko se vê obrigada a se esconder uma vez mais, dessa vez atrás de um carro de um civil, aí ela saca o seu revolver e vira o rosto.
Atsuko
Ei, todos vocês estão bem?
Policial
Ninguém morreu inspetora.
Atsuko
Bom…
Policial
Contudo alguns de nós estão feridos…
Atsuko
Quantos?
Policial
Uns 3 policiais e uns 2 civis.
Atsuko
Grave?
Policial
Não nenhuma dessas pessoas está seriamente ferida.
Atsuko
Menos mal… quem estiver apto venha comigo…
Dois policiais, além daquele que estava passando as informações para Atsuko, se aproximam dela.
Atsuko
Bem, quem é você? Qual é o seu nome mesmo?
Policial
Suzuki.
Atsuko
Suzuki, você e eu vamos tentar entrar pela frente, mas antes quero que vocês dois aí, prestem bastante atenção, entenderam bem!
Policiais
Sim, senhora.
Atsuko
Muito bem, vocês dois devem se separar e tentar cada um entrar por um lado diferente do banco.
Policiais
Sim, senhora!
Atsuko
Vão.
Décio desce do teto aonde estavam os reféns amarrados, e se encontra com outros dois de seus cumplices, responsáveis pela primeira saraivada de balas.
Décio
Ei, cambada de aloprados vocês não vêm?
Comparsas
Tamo na espera da ordem do Foguinho…
Foguinho
Pessoal venham para a passagem do subsolo, no centro do chão do edifício.
Décio
Tamo indo.
Eles logo aceleram o passo e à passagem do subsolo e encontram José.
José
Venham, o chefe e os outros já tão na van esperando com o refém.
Atsuko e Suzuki até aquele momento se aproximavam da van, com cautela, para adentrarem no banco.
Atsuko
Humm… não os estou vendo… Suzuki você consegue vê-los?
Suzuki
Não…
Atsuko — pensamentos
Será que eles estão tentando escapar?
Atsuko
Suzuki há uma saída do banco, além da estrada?
Suzuki
Não que eu saiba, inspetora.
Subitamente um barulho de veículo parece vir de dentro do banco, surpreendendo Atsuko e os demais policiais.
Atsuko
Mas o que?
Uma van coberta com um casco de metal arromba a frente do banco.
Atsuko
Que porra é essa? Vamos atirem!
Atsuko e o restante da força policial presente no local, disparam contra o veículo.
Foguinho
Podem atirar à vontade porcos imundos, suas balas mal podem afetar o casco dessa van.
Uma bala atravessa o vidro de uma das janelas da van, quase acertando Sheng, o motorista da van.
Sheng
Puta que pariu, que porra é essa… Quem foi?
José avista Atsuko pela janela avariada.
José
É aquela policial ali!
Décio com a metralhadora toma a frente e pergunta.
Décio
Posso foguinho?
Foguinho
Faça como quiser, mas faça!
Décio
Beleza.
Sem se fazer de rogado Décio lança outra saraivada de balas que acaba por desarmar quase todos os policiais, exceto Atsuko.
Atsuko — pensamentos
Droga, a situação está bem crítica, devo me aproximar com cuidado e talvez assim…
Atsuko corre em disparada e então atira: bang, acertando o braço de Décio!
Atsuko
Acertei!
Sheng
Décio!!
Foguinho ao ver um de seus subordinados ferido, mostra uma certa tensão em sua face, ficando com um ar bem sério.
Foguinho
Parece que temos problemas, pois bem… Hirano me dê cobertura.
Hirano
Sim, Foguinho!
Foguinho então se vira para trás e fala calmamente com o seu refém.
Foguinho
Srta. Crespo, com ou sem a sua licença, venha comigo!
Helena
Hã?
Foguinho
Agora!
Hirano atira em Atsuko o que a faz recuar, quando a mesma ia revidar, eis que no buraco de vidro aparece o rosto de uma mulher.
Crespo
Por favor, não atire, eu sou refém deles!
Isto faz frear o ímpeto da policial.
Atsuko
Droga!
Por trás da refém, e a usando como escudo encontra-se a figura de Foguinho.
Foguinho
Ouça bem policial, é melhor se acalmar senão quiser ferir alguma pessoa inocente!
Atsuko
Ora seu!
Ao fitar à figura que usa a refém como proteção, Atsuko tem um choque, porque lembra muito um perigoso bandido do passado dado como morto… O líder da facção criminosa fantasma que assombrava a cidade de Vermelha onde Atsuko passou toda a sua infância e parte de sua adolescência, o criminoso Kiril Chapek.
Atsuko — pensamentos
O quê Kiril? Não pode ser, já faz quase 20 anos que ele morreu!
Foguinho percebe na expressão de Atsuko, um certo espanto.
Foguinho
Hum? O que foi policial? Algum problema? Parece que viu um fantasma…. Bem que seja, escute com muita atenção policial, é melhor parar de atirar senão Helena Crespo pagará com sua vida!
Atsuko
Não, por favor…. Eu…
Helena se encontra assustada, em quase estado de pânico!
Helena
Mas você prometeu?
Foguinho
Sim, porém isso também depende da oficial ai! Não é mesmo?
Atsuko
Maldito!
Foguinho
Então vai parar, ou não?
Atsuko joga o revolver no chão.
Para alivio de Helena, Foguinho sorri sutilmente.
Foguinho
Muito bem oficial, fez a escolha certa, motorista pé na tábua, vamos logo!
Sheng
Sim, chefe.
A van entra em disparada, Atsuko cheia de raiva sai correndo em sua direção.
Atsuko
Desgraçado isso não ficará assim… está ouvindo cretino?
Atsuko — pensamentos
Será mesmo Kiril? Não…. Algum parente? Quem sabe? Alguém?
O sol nasce no hotel, e Michiko sonolenta, desperta vagarosamente, se espreguiçando muito.
Michiko
Hãn? Ah, ah…
Hatchin
Acorda dorminhoca, vamos! Tem café na mesa te esperando!
Michiko
Huhum, bom dia Hatchin.
Hatchin
Bom dia mãe.
Michiko
Já está acordada? Há quanto tempo?
Hatchin
Desde às 6:00 da manhã!
Michiko
Uau, pra que tudo isso!
Hatchin
Bem quando você tem que trabalhar em uma das cozinhas das 9:00 às 20:00, você acaba por pegar o hábito de acordar cedo.
Michiko
Cuidado pra não enlouquecer com isso, filha!
Hatchin
Sério?
Michiko
Claro que é sério, pó! Você só tem 17 anos!
Hatchin
Acontece, principalmente se você for pobre!
Michiko
Bem feito, quem mandou, né?
Hatchin
Sim, há, há, há, há…
Michiko
E o que você fez, pro nosso café?
Hatchin
Panquecas com geleia e mel, vem querida, vem se esbaldar.
Michiko solta um alegre sorriso e se senta à mesa enquanto Hatchin à serve.
Hatchin
Mãe, depois do café, quero conversar contigo.
Michiko
Sobre?
Hatchin
Futuro…. Nosso futuro.
Michiko com a boca cheia de panqueca, responde.
Michiko
Tá.
Depois da refeição.
Michiko
Que delícia Hatchin, você realmente se tornou, uma cozinheira de mão cheia, meus parabéns!
Hatchin
Muito obrigada mãe!
Michiko
É, mas ainda tem o que melhorar.
Hatchin ao escutar isso, sutilmente fecha a cara, como se o comentário da mãe a tivesse deixado levemente emburrada.
Hatchin
Claro, aliás a senhora no passado havia me prometido isso, que além de me ensinar a cozinhar, mostraria para mim, seus demais talentos caseiros!
Michiko se sentindo toda cheia de si, dá um sorriso de canto, radiante do mais puro orgulho.
Michiko
Pode deixar, doravante a maior parte das atribuições domésticas ficaram ao cargo da “mamãe” aqui.
Hatchin sorri, toda satisfeita e feliz.
Hatchin
Bem, já que disse isso, dona Michiko, a senhora poderia muito bem, lavar a louça?
Michiko
Nem precisa repetir, já tó indo fazer isso, e Hatchin aproveita enquanto estou fazendo isso e vai falando sobre as suas idéias em relação ao futuro de nossa família.
A declaração família, saindo de forma tão espontânea dos lábios de Michiko, fazem Hatchin transbordar de tanta felicidade, que ela começa a chorar. Ao se dar conta disso, Michiko para de lavar a louça, e de modo bem terno abraça a filha.
Michiko
Chorando de novo, menina?
Hatchin
Parece há realização de um sonho… queria tanto ter uma família…
Michiko
E você tem Hatchin, você tem, e talvez, com o tempo ela cresça…
Hatchin
Tomara!
Michiko
É mesmo?
Hatchin
Sim, quero muito isso, mas quem será? Ou melhor, como e quem são, os outros membros de nossa família? Aonde eles estão, agora nesse momento?
Atsuko visivelmente irritada, chega ao departamento de polícia.
Atsuko — pensamentos
Mas que droga, quem aquele cover de Kiril pensa que é? Pois, não perde por esperar, vou descobrir quem ele realmente é e o que quer.
Ao chegar em seu escritório, ela fez um leve repouso de alguns minutos, em sua escrivaninha.
Atsuko — pensamentos
Quem será ele de fato? Será que tem algum parentesco com Kiril? Não é improvável, não é porque sejam ambos ruivos, que sejam parentes. E esse cara além do cabelo ser vermelho é também sardento!
Eis que alguém bate na porta de Atsuko, ela se levanta e abre a porta.
Atsuko
Pois não, do que se trata?
O colega de patente inferior à sua, lhe diz.
Policial
Inspetora, o comissário quer falar com você…
Atsuko
Sobre?
Policial
Olha inspetora, se quer saber os detalhes, vai ter que falar com ele, não sei de mais nada sobre o assunto que ele quer tratar com você.
Atsuko
Tudo bem, já estou indo, pode avisar.
Policial
Obrigado.
Atsuko entra no escritório e se depara, frente a frente, com o comissário sentado em sua própria mesa oficial de serviço.
Atsuko
O que o senhor desejas de mim?
Comissário
Quero saber, o seu relato, sobre o ocorrido no banco.
Atsuko
Bem foi um assalto extremamente muito bem executado pelos envolvidos, posso afirmar que nunca vi até hoje, um grupo tão organizado de meliantes como esse.
Comissário
Humm… de acordo com o policial Suzuki, você parece ter reconhecido o líder do bando…. Então quem é ele, afinal?
(Flashback)
Atsuko — pensamentos
O instante exato em que Suzuki, presenciou o choque em Atsuko ao notar a semelhança entre Foguinho e o falecido Kiril.
Atsuko
Não…
Comissário
Não? Como assim?
Atsuko
Não o reconhece senhor, apenas o achei parecido com um famoso bandido do passado…
Comissário
Qual? Quem ele lembrava?
Atsuko
O antigo líder do fantasma de Vermelha Kiril, Kiril Chapek…
Comissário
Esse bandido… ele por acaso não foi assassinado pela Michiko Malandro, aquela criminosa que você já prendeu duas vezes?
Atsuko
Sim…. Sim senhor…
Atsuko — pensamentos
Assassinado por Michiko, a assassina que jamais matou alguém…
Atsuko subitamente é atingida por um forte e latente sentimento de culpa… O amor de sua vida não foi apenas duas vezes, mandada por ela para o xilindró. Mas também graças a ela e Satoshi, Michiko teve a sua reputação manchada de tal jeito que até hoje ela permanece na memória das pessoas como sendo uma bandida. Ou pior… Como uma assassina…. Um monstro…
Atsuko — pensamentos
Meu deus… O que eu fiz com ela…
Comissário
Você por acaso suspeita que ela possa ter alguma relação com esse assalto?
Atsuko
Hã?… Não!
Comissário
Mesmo?
Atsuko
Não, não acredito…
Comissário
Por que?
Atsuko
Primeiro porque além de serem fisicamente parecidos, não há outro motivo ou pista que ligue esse indivíduo com Kiril, ou mesmo Malandro…
Comissário
Então você por acaso tem outra pista que pode nos levar a esses bandidos?
Atsuko
Não… no momento
Comissário
Se não temos até o momento nenhum indicio que nos aponte algum caminho na investigação sobre esse incidente, quero que você foque o caso na possível relação entre esse crime com o falecido líder do fantasma e… Michiko Malandro!
Isto faz Atsuko se sobressaltar de espanto da cadeira.
Atsuko
Como é?
Comissário
Você ouviu? Ou não ouviu?
Atsuko
Ouve, mas…
Comissário
Mas o quê? Pelo que eu sei, Malandro está foragida há meses não é mesmo?
Atsuko
Sim.
Comissário
Sem pistas sobre o seu paradeiro?
Atsuko
Sim…
Comissário
Bem, estou neste momento delegando a você inspetora o comando de um grupo de policiais encarregado de ajuda-la nessas investigações e na recaptura de Malandro.
Atsuko — pensamentos
É incrível como muitas vezes o destino parece conspirar a favor do meu desejo de reencontrar Michiko…. Meu amor…. Não há dúvidas, estou mesmo acorrentada a você…
Comissário
Entretanto apesar de saber que você duas vezes teve sucesso em pega-la… também sei de certos “desvios” seus…
Atsuko
Desvios?
Comissário
Sim, sei por fontes confiáveis que no proceder de sua última perseguição a Malandro, você fraquejou algumas vezes antes de encarcera-la em definitivo confere?
Atsuko timidamente com a cabeça, consente com a afirmação.
Comissário
Pois bem, é por essas e outras que escolhe a dedo, o pessoal que a ajudara nessa empreitada, são pessoas da minha absoluta confiança!
Atsuko
Quem são?
Comissário
Hikaru, Aracelli e Júlio, entre outros, eles a ajudaram no caso.
Atsuko — pensamentos
É o destino, às vezes ele pode ser muito engraçado, ou melhor… contraditório, pois é esse o cenário que está se desenhando, aqui e agora… se por um lado, é bom ter esse reforço para achar Michiko, por outro é preocupante, por vários motivos. Primeiro, eu quero muito mesmo reencontrar Michiko, mas não necessariamente para encarcera-la outra vez mais, digo a princípio… Michiko quero falar com você, conversar, saber como está, o que está fazendo e como tem se comportado. E dependendo de como tem sido a sua conduta durante esses meses, irei agir… Michiko, por favor…. Me mostre que eu estava enganada em querer a sua permanência em Diamandra, que você pode mesmo voltar a fazer parte da sociedade regular. Segundo não sei se vou conseguir protege-la da violência policial como da última vez, e mesmo naquela ocasião foi por um triz, cheguei a ser traída por Ricardo e Michiko quase foi morta várias vezes. Terceiro, o recente aviso de Ricardo sobre os esquadrões da morte infiltrados na polícia, exige que eu redobre a cautela e me põem numa faca de dois gumes. Pois, alguns dos integrantes desse grupo especial podem também serem membros desses esquadrões. É uma situação muito complexa e delicada, sem dúvida.
Comissário
Entendido?
Atsuko
Sim, senhor.
Atsuko retira-se da sala e ao ir para sua sala, ouve murmúrios de seus colegas.
Murmúrios dos colegas do departamento de polícia de Atsuko
É essa aí que é amante de bandida?
Murmúrio II
Sapatona, argh!
Murmúrio III
Nojo.
Atsuko olha sutilmente para o lado de onde ouviu essas vozes, então elas instantaneamente silenciam-se. Atsuko entra na sua sala e fecha a porta.
Atsuko
Colegas de trabalho compreensivos e solidários como sempre! (Ironia)
Atsuko senta-se na sua escrivaninha e revê sobre a sua mesa, o arquivo sobre o seu amor.
Atsuko — pensamentos
Mas é claro, como fui tola, comete um erro ao focar a busca exclusivamente em Michiko, ainda mais depois de eu ter lhe indicado as pistas por onde sua filha poderia estar provavelmente. Porque não segue esse rumo desde o princípio? Será que…. Não, que bobagem…
Em cima da mesa, ela pega uma foto e ri, é uma cópia da fotografia tirada há 7 anos por Michiko e Hatchin.
Neste momento toca à música “Febre” de Kassin, com destaque a essa parte em especial.
“Quero não pensar em você,
Não sentir sua presença enquanto ando nas ruas
Mas em todo lugar que olho você está
Nas vitrines, nas praças nos outdoors
Tento te esquecer
Mas a solidão não deixou
Você sair do meu coração
Eu canto essa canção pra não lembrar de você
Tento te esquecer
Mas amor é sem razão
Sei que a vida dá muitas voltas
Você vai se arrepender e tentar voltar”
Atsuko
É Hatchin, sempre foi Hatchin, se eu a achar, acharei você também Michiko…. Duas pelo preço de uma… Mãe e filha, logo, logo, logo ambas estarão em minhas mãos.