Atsuko, Michiko e Hatchin — parte 3

Rod Ribeiro
17 min readJun 10, 2018

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A VOLTA DO FANTASMA VERMELHO DE VERMELHA?

O bando está se preparando para sair do banco, todavia a agência se encontra toda cercada pela polícia. A situação é tensa, no entanto os bandidos não esboçam nenhum sinal de nervosismo ao contrário dos reféns. Eles notam uma movimentação estranha orquestrada pelos seus sequestradores. Uma das reféns mostra-se tão tensa que parece estar à beira de um ataque de nervos, é quando o líder do grupo, um sujeito calmo se aproxima calmamente até ela.

Líder dos bandidos

Senhorita por favor, olhe bem pra mim e me ouça, com atenção, fique calma que nada ira lhe acontecer, não te faremos mal algum.

E ela, responde chorando.

Refém

Sério?

Líder

Tem a minha palavra!

Refém

E, posso confiar nela?

Líder

Você realmente tem escolha?

Refém

Não…

Líder

Então?

A refém ao ouvir essa interrogação de seu sequestrador, vagarosamente baixa a cabeça.

Refém

Tá.

Líder

Excelente.

Em seguida ele caminha em direção aos seus subordinados.

Líder

Muito bem pessoal, alguns de vocês devem levar, os reféns para o teto e os outros vão para trás, enquanto os demais irão comigo para baixo.

Um dos reféns, o que aparenta ser o mais velho, exclama.

Refém (velho)

Mas como? Não existe saída no subsolo!

Líder

Surpresa, criamos uma…. Não é legal, senhor?

Depois de falar isso, o líder desce pela passagem a qual tinha acabado de se referir há pouco. Logo é chamado a atenção por um de seus subordinados.

Subordinado

Foguinho, o que vamos fazer agora?

Foguinho

Bem, primeiro você deve ir para o teto e pegue um dos reféns com você!

Subordinado

Tá certo, mas qual?

Foguinho

De preferência deve ser uma mulher ou garota, está bem?

Subordinado

Mas porquê?

Foguinho

Bem, se por acaso houver um canal de televisão transmitindo a nossa ação, o uso de uma refém sensibilizara à opinião pública o que diminuíra o ímpeto dos porcos, entendeu?

Subordinado

Ah sim, valeu.

O subordinado rapidamente volta com a refém escolhida, e para a surpresa de foguinho, trata-se da mulher da mulher do caixa.

Foguinho

Ora, ora, dona Aurora, nos encontramos novamente, não?

Refém

É…

Foguinho

Qual é o seu nome mesmo?

Refém

Helena…

Foguinho

De quê mesmo?

Helena

Crespo, Helena Crespo…

Foguinho

Pois, bem Srta. Helena Crespo, se você se comportar não vai acontecer nada com você!

Helena

Mesmo?

Foguinho

Tem à minha palavra.

Helena

Huhum…

De repente à polícia anuncia em altos falantes.

Polícia

Entreguem-se de uma vez, a agencia está cercada ao ouvir isso, foguinho esboça um leve sorriso de lado (esquerdo), e ele saca de seu pulôver, um rádio comunicador.

Foguinho

Atenção pessoal, prestem muita atenção!

Um deles responde.

Outro subordinado

Sim Foguinho, o que você manda?

Foguinho

Vocês aí atrás, avancem atirando para a frente aonde a polícia está, vocês conseguem?

Subordinado

Não sei, não chefe…

Outros subordinados

Não fazemos a mínima idéia, chefia.

Foguinho

Bem façam isso, quando eu mandar, entenderam?

Todos os subordinados em uníssono

Sim!

Foguinho

Então estejam à postos. Senhorita Helena?

Helena

Sim?

Foguinho

Agora venha, para cá!

Helena

Tá bem.

Helena vai em direção a ele, Foguinho então a pega, pelo braço. Enquanto isso Atsuko chega ao local, e pergunta para a autoridade responsável por essa operação, sobre como está indo o seu andamento.

Autoridade responsável

Bem inspetora à operação por enquanto, se encontra sob controle sem sobressaltos.

E eis que neste exato momento acontece um rajar de disparos de metralhadora, ordenado por Foguinho. Os disparos conseguiram o efeito desejado pelo chefe dos meliantes, ou seja, assustaram a polícia, fazendo a recuar, contudo sem ferir inocentes. Atsuko que havia se abaixado e se escondido atrás de uma das viaturas da polícia, se ergue e olha para a autoridade responsável e então.

Atsuko

Sem sobressaltos, ele disse… sei.

Subordinado

Foguinho, aqui é o Rodrigo.

Foguinho

Sim? Como está?

Rodrigo

Tudo nos conformes.

Foguinho

Muito obrigado.

Logo em seguida ao ouvir isso, ele se vira para Helena, e para outros 3 comparsas seus.

Foguinho

Sheng, Hirano e José, prestem bem a atenção, entenderam?

Os 3 comparsas em uníssono.

Sim, chefe.

Atsuko pede um alto-falante, e começa a falar.

Atsuko

Meliantes, prestem muito bem a atenção, aqui quem fala é a inspetora Atsuko Jackson, não vou repetir, entreguem os reféns e entreguem-se de uma vez.

Depois de ficarem quase meia-hora abraçadas, uma na outra, mãe e filha voltam enfim a conversar.

Michiko

Obrigada Hatchin, obrigada minha filha…

Hatchin

Por quê?

Michiko

Por me fazer desabafar sobre algo difícil, e que muito me aflige…

Hatchin

Mãe…

Michiko

No entanto, apesar disso devemos seguir em frente ou tentar…. Pelo menos…

Hatchin

É… Apostando na sorte…

Michiko

E torcendo, para que ela sorria para nós.

Hatchin

Como tem acontecido até agora.

Michiko

Aos trancos e barrancos.

Hatchin

Ah, mas é isso que torna a vida tão divertida, não é mesmo? He,he,he…

Michiko

Pode ser, mas essa diversão, não vale o risco!

Hatchin

Será mesmo? Se estamos agora juntas uma vez mais, é porque corremos muitos riscos, todavia conseguimos.

Michiko

É… Mas isto poderia não ter acontecido… Aliás, por mais que eu tenha prometido que iriamos nos reencontrar… que a nossa despedida não era um adeus, mas um até breve. Havia a possibilidade real, você sabe Hatchin, de nós nunca mais, chegarmos a nos ver, outra vez…

Hatchin

Vira essa boca, pra lá!

Michiko

Você sabe que sim, e entenda às vezes é melhor nos darmos por satisfeitas com o que temos.

Hatchin

Hum… Que seja…

Júlio acorda e abre o berreiro, fazendo Hatchin correr para pegá-lo no colo para assim acalmá-lo. Michiko ao ver a filha com o neto no colo, não pode deixar de exibir, um belo sorriso.

Michiko

Hatchin, me diga?

Hatchin

Sobre?

Michiko

Afinal, como você descobriu que em todo esse tempo, eu era a sua mãe de verdade?

Hatchin

Bem pra dizer a verdade, no meio desses 7 anos, tive bastante tempo, para repensar sobre aquela época em que estivemos juntas… E percebe, mesmo você não querendo admitir nada sobre isso… porque haviam certas pistas inconscientemente deixadas por te!

Michiko

Mesmo? E quais seriam estas pistas?

Hatchin

He, he, he, he, bem, he, he…

Michiko

Hã, está rindo do quê?

Hatchin

De uma doce lembrança, mãe…

Michiko

Doce lembrança?

Hatchin

Sim

Michiko

E que lembrança seria está?

Hatchin

Bem logo depois que você me resgatou, da casa dos Belenbauzas, nós paramos em um barzinho em ladrão, lembra?

Michiko

Hum…. Naquela feira?

Hatchin

Isso mesmo! Você lembra de dizer pra mim, que apesar de eu me parecer muito com o Hiroshi, meu nariz e queixo, não eram como os dele…

Michiko

É…

Hatchin

He, he, he, he, e você ainda me disse que se eu não fosse mesmo a filha dele… Ou melhor, a filha de vocês… você me abandonaria, ha, ha, ha…

De repente Michiko parece murchar em desanimo, seu sorriso desaparece. Ela silencia, olha de soslaio e ao erguer a cara em direção a sua menina.

Michiko

Que espécie de pessoa, ou melhor de mãe diz algo assim, para uma criança?

Está resposta choca Hatchin, de tal maneira que ela fica sem fala!

Hatchin Malandro — pensamentos

Meu deus, como ela está diferente, por fora não mudou nada, mas por dentro…

Michiko

Então… a minha indiferença e egoísmo foram as pistas para você descobrir à verdade sobre mim?

Hatchin

Não mãe… de modo algum… é que com o passar dos anos, fui me dando olhando no espelho e me dando conta que justamente às partes de mim criticadas por você são por “coincidência” iguais as suas, não é mesmo?

Michiko

Ah, tá… Boa…

Hatchin emudece e baixa levemente a cabeça, como se o desanimo de Michiko também a contagiasse, levando embora qualquer resquício de alegria anteriormente compartilhado pelo recente reencontro de ambas, mãe e filha. Um silêncio constrangedor toma conta do local onde estão, até que Michiko se espreguiçando.

Michiko

Ah, Hatchin, eu tó bem cansada, se quiser comer algo, tem uns biscoitos e o resto de um omelete.

Hatchin

Ah, obrigada, mas também tó sem apetite…

Mãe e filha, voltam a se encarar de modo bem cabisbaixo.

Michiko

Bem, vou me deitar, boa noite.

Hatchin

Boa noite, ah tem alguma cama pra mim e pro Júlio?

Michiko

Tem apenas uma, vocês vão ter que dividir…

Michiko falou isso aos sorrisos o que alegra Hatchin, e quebra com o clima triste que havia se instaurado. Hatchin pega o seu filho, já adormecido e o põem na cama, essa cena faz Michiko novamente se alegrar.

Hatchin

Mãe… posso te pedir uma coisa?

Michiko

Hã? Claro…. Quer dizer, sim, filha…

Hatchin

Posso dormir contigo?

Michiko

Comigo? Por quê?

Hatchin

É que gostaria de te abraçar…. Dormir abraçada contigo.

Michiko

Uau!

Hatchin fala muito emocionada, e com lagrimas.

Hatchin

Sabe… depois de todo esse tempo afastada de te… tenho medo… sabe?

Michiko

Medo?

Hatchin

Que tudo isso… que a nossa reunião seja apenas um sonho…. sabe?

Michiko se comove tanto com Hatchin que seus olhos sutilmente lacrimejam.

Hatchin

E se for isso…. Não quero acordar dele… de jeito nenhum!! Ouviu bem!!!

Michiko ao ouvir isso abraça Hatchin, mais uma vez.

Hatchin

Sniff, sniff, sniff… isso não pode ser um sonho…. Não pode ser…. Não pode!

Michiko

Calma meu amor, minha criança, não é um sonho…

Hatchin

É mesmo? Sniff, sniff…

Michiko

É claro que sim…. Eu não tó aqui contigo?

Hatchin

É… Sniff, sniff

Michiko

Hatchin…. Minha pequena Hatchin, não chore mais… venha…

Hatchin

Sério?

Michiko sorri.

Michiko

Huhum…. Pode vir, venha

Hatchin

Mesmo?

Michiko

Sim, vamos dormir juntas… e abraçadas, uma na outra!

Michiko e Hatchin levam a cama em que vão deitar para o mais próximo possível do leito aonde Júlio está dormindo. E depois de arruma-lo, mãe e filha se deitam abraçadas uma na outra, e enfim adormecem felizes.

Foguinho pega o rádio comunicador.

Foguinho

Décio, você ainda está no telhado?

Décio

Sim, foguinho.

Foguinho

Poderia abrir fogo daí contra a polícia?

Décio

Será um prazer!

Foguinho

Então manda bala de uma vez!

Décio

He, he, he…

Foguinho

Depois venha pra cá, entendeu?

Décio

Pode crer, chefia…

Décio pega uma metralhadora e do telhado atira contra a polícia, pegando a de surpresa, as balas dessa vez acertaram alguns dos policiais. Atsuko se vê obrigada a se esconder uma vez mais, dessa vez atrás de um carro de um civil, aí ela saca o seu revolver e vira o rosto.

Atsuko

Ei, todos vocês estão bem?

Policial

Ninguém morreu inspetora.

Atsuko

Bom…

Policial

Contudo alguns de nós estão feridos…

Atsuko

Quantos?

Policial

Uns 3 policiais e uns 2 civis.

Atsuko

Grave?

Policial

Não nenhuma dessas pessoas está seriamente ferida.

Atsuko

Menos mal… quem estiver apto venha comigo…

Dois policiais, além daquele que estava passando as informações para Atsuko, se aproximam dela.

Atsuko

Bem, quem é você? Qual é o seu nome mesmo?

Policial

Suzuki.

Atsuko

Suzuki, você e eu vamos tentar entrar pela frente, mas antes quero que vocês dois aí, prestem bastante atenção, entenderam bem!

Policiais

Sim, senhora.

Atsuko

Muito bem, vocês dois devem se separar e tentar cada um entrar por um lado diferente do banco.

Policiais

Sim, senhora!

Atsuko

Vão.

Décio desce do teto aonde estavam os reféns amarrados, e se encontra com outros dois de seus cumplices, responsáveis pela primeira saraivada de balas.

Décio

Ei, cambada de aloprados vocês não vêm?

Comparsas

Tamo na espera da ordem do Foguinho…

Foguinho

Pessoal venham para a passagem do subsolo, no centro do chão do edifício.

Décio

Tamo indo.

Eles logo aceleram o passo e à passagem do subsolo e encontram José.

José

Venham, o chefe e os outros já tão na van esperando com o refém.

Atsuko e Suzuki até aquele momento se aproximavam da van, com cautela, para adentrarem no banco.

Atsuko

Humm… não os estou vendo… Suzuki você consegue vê-los?

Suzuki

Não…

Atsuko — pensamentos

Será que eles estão tentando escapar?

Atsuko

Suzuki há uma saída do banco, além da estrada?

Suzuki

Não que eu saiba, inspetora.

Subitamente um barulho de veículo parece vir de dentro do banco, surpreendendo Atsuko e os demais policiais.

Atsuko

Mas o que?

Uma van coberta com um casco de metal arromba a frente do banco.

Atsuko

Que porra é essa? Vamos atirem!

Atsuko e o restante da força policial presente no local, disparam contra o veículo.

Foguinho

Podem atirar à vontade porcos imundos, suas balas mal podem afetar o casco dessa van.

Uma bala atravessa o vidro de uma das janelas da van, quase acertando Sheng, o motorista da van.

Sheng

Puta que pariu, que porra é essa… Quem foi?

José avista Atsuko pela janela avariada.

José

É aquela policial ali!

Décio com a metralhadora toma a frente e pergunta.

Décio

Posso foguinho?

Foguinho

Faça como quiser, mas faça!

Décio

Beleza.

Sem se fazer de rogado Décio lança outra saraivada de balas que acaba por desarmar quase todos os policiais, exceto Atsuko.

Atsuko — pensamentos

Droga, a situação está bem crítica, devo me aproximar com cuidado e talvez assim…

Atsuko corre em disparada e então atira: bang, acertando o braço de Décio!

Atsuko

Acertei!

Sheng

Décio!!

Foguinho ao ver um de seus subordinados ferido, mostra uma certa tensão em sua face, ficando com um ar bem sério.

Foguinho

Parece que temos problemas, pois bem… Hirano me dê cobertura.

Hirano

Sim, Foguinho!

Foguinho então se vira para trás e fala calmamente com o seu refém.

Foguinho

Srta. Crespo, com ou sem a sua licença, venha comigo!

Helena

Hã?

Foguinho

Agora!

Hirano atira em Atsuko o que a faz recuar, quando a mesma ia revidar, eis que no buraco de vidro aparece o rosto de uma mulher.

Crespo

Por favor, não atire, eu sou refém deles!

Isto faz frear o ímpeto da policial.

Atsuko

Droga!

Por trás da refém, e a usando como escudo encontra-se a figura de Foguinho.

Foguinho

Ouça bem policial, é melhor se acalmar senão quiser ferir alguma pessoa inocente!

Atsuko

Ora seu!

Ao fitar à figura que usa a refém como proteção, Atsuko tem um choque, porque lembra muito um perigoso bandido do passado dado como morto… O líder da facção criminosa fantasma que assombrava a cidade de Vermelha onde Atsuko passou toda a sua infância e parte de sua adolescência, o criminoso Kiril Chapek.

Atsuko — pensamentos

O quê Kiril? Não pode ser, já faz quase 20 anos que ele morreu!

Foguinho percebe na expressão de Atsuko, um certo espanto.

Foguinho

Hum? O que foi policial? Algum problema? Parece que viu um fantasma…. Bem que seja, escute com muita atenção policial, é melhor parar de atirar senão Helena Crespo pagará com sua vida!

Atsuko

Não, por favor…. Eu…

Helena se encontra assustada, em quase estado de pânico!

Helena

Mas você prometeu?

Foguinho

Sim, porém isso também depende da oficial ai! Não é mesmo?

Atsuko

Maldito!

Foguinho

Então vai parar, ou não?

Atsuko joga o revolver no chão.

Para alivio de Helena, Foguinho sorri sutilmente.

Foguinho

Muito bem oficial, fez a escolha certa, motorista pé na tábua, vamos logo!

Sheng

Sim, chefe.

A van entra em disparada, Atsuko cheia de raiva sai correndo em sua direção.

Atsuko

Desgraçado isso não ficará assim… está ouvindo cretino?

Atsuko — pensamentos

Será mesmo Kiril? Não…. Algum parente? Quem sabe? Alguém?

O sol nasce no hotel, e Michiko sonolenta, desperta vagarosamente, se espreguiçando muito.

Michiko

Hãn? Ah, ah…

Hatchin

Acorda dorminhoca, vamos! Tem café na mesa te esperando!

Michiko

Huhum, bom dia Hatchin.

Hatchin

Bom dia mãe.

Michiko

Já está acordada? Há quanto tempo?

Hatchin

Desde às 6:00 da manhã!

Michiko

Uau, pra que tudo isso!

Hatchin

Bem quando você tem que trabalhar em uma das cozinhas das 9:00 às 20:00, você acaba por pegar o hábito de acordar cedo.

Michiko

Cuidado pra não enlouquecer com isso, filha!

Hatchin

Sério?

Michiko

Claro que é sério, pó! Você só tem 17 anos!

Hatchin

Acontece, principalmente se você for pobre!

Michiko

Bem feito, quem mandou, né?

Hatchin

Sim, há, há, há, há…

Michiko

E o que você fez, pro nosso café?

Hatchin

Panquecas com geleia e mel, vem querida, vem se esbaldar.

Michiko solta um alegre sorriso e se senta à mesa enquanto Hatchin à serve.

Hatchin

Mãe, depois do café, quero conversar contigo.

Michiko

Sobre?

Hatchin

Futuro…. Nosso futuro.

Michiko com a boca cheia de panqueca, responde.

Michiko

Tá.

Depois da refeição.

Michiko

Que delícia Hatchin, você realmente se tornou, uma cozinheira de mão cheia, meus parabéns!

Hatchin

Muito obrigada mãe!

Michiko

É, mas ainda tem o que melhorar.

Hatchin ao escutar isso, sutilmente fecha a cara, como se o comentário da mãe a tivesse deixado levemente emburrada.

Hatchin

Claro, aliás a senhora no passado havia me prometido isso, que além de me ensinar a cozinhar, mostraria para mim, seus demais talentos caseiros!

Michiko se sentindo toda cheia de si, dá um sorriso de canto, radiante do mais puro orgulho.

Michiko

Pode deixar, doravante a maior parte das atribuições domésticas ficaram ao cargo da “mamãe” aqui.

Hatchin sorri, toda satisfeita e feliz.

Hatchin

Bem, já que disse isso, dona Michiko, a senhora poderia muito bem, lavar a louça?

Michiko

Nem precisa repetir, já tó indo fazer isso, e Hatchin aproveita enquanto estou fazendo isso e vai falando sobre as suas idéias em relação ao futuro de nossa família.

A declaração família, saindo de forma tão espontânea dos lábios de Michiko, fazem Hatchin transbordar de tanta felicidade, que ela começa a chorar. Ao se dar conta disso, Michiko para de lavar a louça, e de modo bem terno abraça a filha.

Michiko

Chorando de novo, menina?

Hatchin

Parece há realização de um sonho… queria tanto ter uma família…

Michiko

E você tem Hatchin, você tem, e talvez, com o tempo ela cresça…

Hatchin

Tomara!

Michiko

É mesmo?

Hatchin

Sim, quero muito isso, mas quem será? Ou melhor, como e quem são, os outros membros de nossa família? Aonde eles estão, agora nesse momento?

Atsuko visivelmente irritada, chega ao departamento de polícia.

Atsuko — pensamentos

Mas que droga, quem aquele cover de Kiril pensa que é? Pois, não perde por esperar, vou descobrir quem ele realmente é e o que quer.

Ao chegar em seu escritório, ela fez um leve repouso de alguns minutos, em sua escrivaninha.

Atsuko — pensamentos

Quem será ele de fato? Será que tem algum parentesco com Kiril? Não é improvável, não é porque sejam ambos ruivos, que sejam parentes. E esse cara além do cabelo ser vermelho é também sardento!

Eis que alguém bate na porta de Atsuko, ela se levanta e abre a porta.

Atsuko

Pois não, do que se trata?

O colega de patente inferior à sua, lhe diz.

Policial

Inspetora, o comissário quer falar com você…

Atsuko

Sobre?

Policial

Olha inspetora, se quer saber os detalhes, vai ter que falar com ele, não sei de mais nada sobre o assunto que ele quer tratar com você.

Atsuko

Tudo bem, já estou indo, pode avisar.

Policial

Obrigado.

Atsuko entra no escritório e se depara, frente a frente, com o comissário sentado em sua própria mesa oficial de serviço.

Atsuko

O que o senhor desejas de mim?

Comissário

Quero saber, o seu relato, sobre o ocorrido no banco.

Atsuko

Bem foi um assalto extremamente muito bem executado pelos envolvidos, posso afirmar que nunca vi até hoje, um grupo tão organizado de meliantes como esse.

Comissário

Humm… de acordo com o policial Suzuki, você parece ter reconhecido o líder do bando…. Então quem é ele, afinal?

(Flashback)

Atsuko — pensamentos

O instante exato em que Suzuki, presenciou o choque em Atsuko ao notar a semelhança entre Foguinho e o falecido Kiril.

Atsuko

Não…

Comissário

Não? Como assim?

Atsuko

Não o reconhece senhor, apenas o achei parecido com um famoso bandido do passado…

Comissário

Qual? Quem ele lembrava?

Atsuko

O antigo líder do fantasma de Vermelha Kiril, Kiril Chapek…

Comissário

Esse bandido… ele por acaso não foi assassinado pela Michiko Malandro, aquela criminosa que você já prendeu duas vezes?

Atsuko

Sim…. Sim senhor…

Atsuko — pensamentos

Assassinado por Michiko, a assassina que jamais matou alguém…

Atsuko subitamente é atingida por um forte e latente sentimento de culpa… O amor de sua vida não foi apenas duas vezes, mandada por ela para o xilindró. Mas também graças a ela e Satoshi, Michiko teve a sua reputação manchada de tal jeito que até hoje ela permanece na memória das pessoas como sendo uma bandida. Ou pior… Como uma assassina…. Um monstro…

Atsuko — pensamentos

Meu deus… O que eu fiz com ela…

Comissário

Você por acaso suspeita que ela possa ter alguma relação com esse assalto?

Atsuko

Hã?… Não!

Comissário

Mesmo?

Atsuko

Não, não acredito…

Comissário

Por que?

Atsuko

Primeiro porque além de serem fisicamente parecidos, não há outro motivo ou pista que ligue esse indivíduo com Kiril, ou mesmo Malandro…

Comissário

Então você por acaso tem outra pista que pode nos levar a esses bandidos?

Atsuko

Não… no momento

Comissário

Se não temos até o momento nenhum indicio que nos aponte algum caminho na investigação sobre esse incidente, quero que você foque o caso na possível relação entre esse crime com o falecido líder do fantasma e… Michiko Malandro!

Isto faz Atsuko se sobressaltar de espanto da cadeira.

Atsuko

Como é?

Comissário

Você ouviu? Ou não ouviu?

Atsuko

Ouve, mas…

Comissário

Mas o quê? Pelo que eu sei, Malandro está foragida há meses não é mesmo?

Atsuko

Sim.

Comissário

Sem pistas sobre o seu paradeiro?

Atsuko

Sim…

Comissário

Bem, estou neste momento delegando a você inspetora o comando de um grupo de policiais encarregado de ajuda-la nessas investigações e na recaptura de Malandro.

Atsuko — pensamentos

É incrível como muitas vezes o destino parece conspirar a favor do meu desejo de reencontrar Michiko…. Meu amor…. Não há dúvidas, estou mesmo acorrentada a você…

Comissário

Entretanto apesar de saber que você duas vezes teve sucesso em pega-la… também sei de certos “desvios” seus…

Atsuko

Desvios?

Comissário

Sim, sei por fontes confiáveis que no proceder de sua última perseguição a Malandro, você fraquejou algumas vezes antes de encarcera-la em definitivo confere?

Atsuko timidamente com a cabeça, consente com a afirmação.

Comissário

Pois bem, é por essas e outras que escolhe a dedo, o pessoal que a ajudara nessa empreitada, são pessoas da minha absoluta confiança!

Atsuko

Quem são?

Comissário

Hikaru, Aracelli e Júlio, entre outros, eles a ajudaram no caso.

Atsuko — pensamentos

É o destino, às vezes ele pode ser muito engraçado, ou melhor… contraditório, pois é esse o cenário que está se desenhando, aqui e agora… se por um lado, é bom ter esse reforço para achar Michiko, por outro é preocupante, por vários motivos. Primeiro, eu quero muito mesmo reencontrar Michiko, mas não necessariamente para encarcera-la outra vez mais, digo a princípio… Michiko quero falar com você, conversar, saber como está, o que está fazendo e como tem se comportado. E dependendo de como tem sido a sua conduta durante esses meses, irei agir… Michiko, por favor…. Me mostre que eu estava enganada em querer a sua permanência em Diamandra, que você pode mesmo voltar a fazer parte da sociedade regular. Segundo não sei se vou conseguir protege-la da violência policial como da última vez, e mesmo naquela ocasião foi por um triz, cheguei a ser traída por Ricardo e Michiko quase foi morta várias vezes. Terceiro, o recente aviso de Ricardo sobre os esquadrões da morte infiltrados na polícia, exige que eu redobre a cautela e me põem numa faca de dois gumes. Pois, alguns dos integrantes desse grupo especial podem também serem membros desses esquadrões. É uma situação muito complexa e delicada, sem dúvida.

Comissário

Entendido?

Atsuko

Sim, senhor.

Atsuko retira-se da sala e ao ir para sua sala, ouve murmúrios de seus colegas.

Murmúrios dos colegas do departamento de polícia de Atsuko

É essa aí que é amante de bandida?

Murmúrio II

Sapatona, argh!

Murmúrio III

Nojo.

Atsuko olha sutilmente para o lado de onde ouviu essas vozes, então elas instantaneamente silenciam-se. Atsuko entra na sua sala e fecha a porta.

Atsuko

Colegas de trabalho compreensivos e solidários como sempre! (Ironia)

Atsuko senta-se na sua escrivaninha e revê sobre a sua mesa, o arquivo sobre o seu amor.

Atsuko — pensamentos

Mas é claro, como fui tola, comete um erro ao focar a busca exclusivamente em Michiko, ainda mais depois de eu ter lhe indicado as pistas por onde sua filha poderia estar provavelmente. Porque não segue esse rumo desde o princípio? Será que…. Não, que bobagem…

Em cima da mesa, ela pega uma foto e ri, é uma cópia da fotografia tirada há 7 anos por Michiko e Hatchin.

Neste momento toca à música “Febre” de Kassin, com destaque a essa parte em especial.

“Quero não pensar em você,

Não sentir sua presença enquanto ando nas ruas

Mas em todo lugar que olho você está

Nas vitrines, nas praças nos outdoors

Tento te esquecer

Mas a solidão não deixou

Você sair do meu coração

Eu canto essa canção pra não lembrar de você

Tento te esquecer

Mas amor é sem razão

Sei que a vida dá muitas voltas

Você vai se arrepender e tentar voltar”

Atsuko

É Hatchin, sempre foi Hatchin, se eu a achar, acharei você também Michiko…. Duas pelo preço de uma… Mãe e filha, logo, logo, logo ambas estarão em minhas mãos.

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